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Lô Borges, Clube da Esquina e a mania de valorizar o artista após a morte

  • Foto do escritor: Miguel Arruda
    Miguel Arruda
  • há 2 dias
  • 3 min de leitura

Essa semana o mundo perdeu um gênio da música e coautor de uma das obras mais lindas da humanidade: Clube da Esquina.


Tem gente que acha ruim o hype póstumo de algum artista, ou de alguma obra artística que teve algum envolvido que se foi desse mundo. Acho que isso tem a ver com a necessidade do ego humano de ser especial, de gostar do que ninguém gosta, de ser único. Isso sim eu acho uma bobagem grande. Estamos em um mundo com 8 bilhões de pessoas: ninguém é especial. Pelo menos não a nível universal, mas isso é outra conversa.


Estou falando isso, talvez como auto reconforto de só ter conhecido de verdade Clube da Esquina pós a morte de um de seus coautores, mas também pra todo mundo que queira conhecer a obra dele nesse momento. Vai lá, ouve. Não deixe que as pessoas digam pra você como ou quando você deve conhecer a obra de algum artista, todos nós temos nosso próprio tempo e isso tem que ser respeitado.


Agora, o tempo de ouvir Clube da Esquina é o mesmo pra todo mundo:


O quanto antes.


Eu não consigo colocar em palavras o quanto esse álbum é especial, reconfortante e impressionante. Quando eu penso nele não me vem palavras, vem apenas algumas metáforas, sentimentos que talvez consiga descrever um pouco o que eu senti ouvindo esse álbum do início ao fim de uma vez. Aqui vão algumas delas:


Ouvir o som da chuva

Tirar um cochilo com quem você gosta

Chegar em casa e seu pet te receber com animação

Carinho no cabelo

Pegar no sono assistindo televisão

Um dia nublado e fresquinho

Ver alguém produzindo alguma coisa realmente impressionante


Pense e imagine esses sentimentos, que trazem um conforto, uma dormência na nuca, uma certeza que a vida vale a pena, isso é Clube da Esquina. O álbum começa muito sutil, a ponto de eu achar que seria um álbum 100% calmaria (não é). A voz de Milton Nascimento sozinha já é um chamado divino, quando ele e Lô Borges abrem vozes, geralmente em terças (acredito eu), tudo fica mais lindo, parece que o céu se abriu, o sol apareceu.


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A quarta faixa é "Saídas e Bandeiras nº 1" com participação de Beto Guedes, aqui eu tive indícios de que a Rita Lee com Tutti Frutti beberam dessa fonte, pelo titulo de seu segundo álbum "Entradas e Bandeiras", apesar de eu não saber o que significa essa expressão¹, me remeteu quase que imediatamente. Essa é a primeira canção mais animada do álbum, e eu estava ficando muito empolgado com ela, tem uma linha de percussões muito magnífica desde a introdução, quando de repente aconteceu uma coisa que me deixou perplexo:


A música acabou. Com 45 segundos.


Eu fiquei inconformado, mas tudo bem, a experiência do álbum estava valendo a pena, "vamos continuar ouvindo", pensei. E fui recompensado, pois "Saídas e Bandeiras nº 2" não demorou muito para chegar, e saciou a minha vontade dessa música perfeitamente.


Apesar de eu nunca ter ouvido o álbum inteiro antes, algumas canções eu já conhecia, como "Cravo e canela", que tem uma das melodias e dobra de vozes mais bonitas que eu já ouvi. É difícil falar de cada música especificamente, todas chamam a atenção por algum motivo, mas queria deixar uma menção honrosa a "Um girassol da cor do seu cabelo", "Clube da esquina nº 2" (que é a melhor música instrumental que eu já ouvi) e "Trem de doido".


Além do álbum em si, uma coisa que me chamou muito a atenção foram as linhas de bateria, que nessa sim eu percebi claramente a influência que esse álbum teve nos Rita Lee Tutti & Frutti. Pra quem não sabe, meu álbum de rock'n roll preferido é o Fruto Proibido, que significa simplesmente o melhor álbum de rock nacional da história, pela sua qualidade e revolucionismo, e o maior pela influência que ele teve na carreira de artistas que vieram.


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Agora se esse álbum, que influenciou varias gerações de músicos, já é histórico, imagina o álbum que foi referência para esse.


"Ai Miguel como você sabe que foi referência, as vezes foi coincidência, ou você pode tá viajando também"


Pode até ser. Mas eu prefiro acreditar que não. Meu mundo está melhor assim.


Ouçam Clube da Esquina.


¹ Eu fui pesquisar o que significa Entradas e Bandeiras e fiquei um pouco decepcionado, pois eram expedições que expandiram o território Brasileiro, então existe a possibilidade do titulo do álbum não ter nada ver com as musicas do Clube da Esquina. Mas vou mentir pra mim mesmo. Tchau!

 
 
 

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